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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Humor na música

Desculpem-me os fãs, mas não vamos falar dos Mamonas Assassinas, mas fica a imagem para lembrá-los. Nosso passeio pelo humor na música brasileira começa por Lamartine de Azeredo Babo, mais conhecido como Lamartine Babo (Rio de Janeiro, 10 de janeiro de 1904 — Rio de Janeiro, 16 de junho de 1963) e que foi um dos mais importantes compositores populares do Brasil. Ao final da década de 30, surgiu um compositor que soube, como ninguém, explorar esses temas durante o carnaval, com talento e competência reconhecidos nacionalmente. Era Lamartine Babo, o famoso Lalá, cuja estréia se deu com a música “Os Calças-Largas”, sucesso oriundo do teatro, que formulava um comentário inteligente, cheio de graça, sobre a moda masculina que acabava de ser lançada pelos almofadinhas da época. E, em 1932, ele lançou o clássico “O Teu Cabelo não Nega”, juntamente com os Irmãos Valença, de Pernambuco, sucesso retumbante em todo o país.
Ainda em 1932, Lamartine lançou o samba “Só Dando com uma Pedra Nela”, uma sátira, repleta de humor, ao comportamento de certas mocinhas e senhoras de idade da época, totalmente incompatível com os costumes em voga.
Menina que pede esmola
Com um cofre de ferro imenso
Que pede pra Santo Onofre
Pra levar pra São Lourenço
Só dando com uma pedra nela
Só dando com uma pedra nela.
Mulher de setenta anos
Já cheia de desenganos
Que usa vinte e cinco gramos
De vestido na canela
Só dando com uma pedra nela
Só dando com uma pedra nela”.


A nossa história continua com João Rubinato, (Valinhos, 6 de agosto de 1910 — São Paulo, 23 de novembro de 1982), mais conhecido como Adoniran Barbosa, e que foi um compositor, cantor, humorista e ator brasileiro. Rubinato representava em programas de rádio diversos personagens, entre os quais, Adoniran Barbosa, o qual acabou por se confundir com seu criador dada a sua popularidade frente aos demais. Adoniram Barbosa nasceu no dia 6 de agosto, há 100 anos. Raro exemplo de unanimidade nacional, ele foi um paulista compositor de sambas respeitado até no reduto maior desse gênero musical: o Rio de Janeiro. Em 1969, durante o 3º Simpósio Nacional do Samba, no Rio, a delegação de São Paulo chegou tímida. Não era para menos, estavam lá todas as feras do samba carioca. A coisa mudou depois que alguém puxou o Trem das Onze, de Adoniran, e o público todo cantou com vontade.

 
Seguiram-se muitos outros compositores que utilizaram o humor como ferramenta. O humorista tem que se virar para contar a história, respeitando a métrica das melodias e tem que ser muito ágil com as palavras para que no final a piada faça sentido. Um grande desafio, sem dúvidas. Um dos expoentes do humor político é Juca Chaves, Jurandyr Czaczkes(Rio de Janeiro, 22 de outubro de 1938), mais conhecido como Juca Chaves,um compositor, músico e humorista brasileiro.Juca foi um crítico do Regime Militar, da grande imprensa e do próprio mercado fonográfico. Chegou a ser exilado em Portugal na década de 70 mas, ao incomodar o governo de Salazar com suas sátiras que então ganhavam espaço nas rádios e televisão locais, transferiu-se para a Itália.



Mas o humor também pode ser pop ou rock n' roll. Mas, voltando à música, acho que os maiores exemplos do humor feito com inteligência,  irreverência e a qualidade de grupos como   João Penca e seus miquinhos amestrados, Léo Jaime, Joelho de Porco, Premê, Língua de trapo, Roger e Ultrage a Rigor, Eduardo Duzek...
João Penca e Seus Miquinhos Amestrados é uma banda brasileira de rockabilly, doo wop e surf music. A banda foi formada nos anos 70, inicialmente com o nome Zoo, mas foi no ano de 1982 que eles surgiram para o estrelato acompanhando o cantor Eduardo Dusek. O bom humor era uma das características principais, além das roupas e topetes dos anos 50 (inspirados em astros do Rockabilly, como Elvis Presley e Chuck Berry), além do seu trio de vocalistas atuais: Selvagem Big Abreu, Bob Gallo e Avellar Love. Teve como um de seus integrantes o cantor Leo Jaime. Algumas das músicas mais famosas da banda foram Calúnias, Lágrimas de Crocodilo, SOS Miquinhos e Popstar. A banda também criou a abertura do programa Milk Shake, que era apresentado por Angélica na extinta TV Manchete. 

Leo Jaime (nome artístico de Leonardo Jaime; Goiânia, 23 de abril de 1960) é um ator, cantor, compositor e jornalista brasileiro. Participou da formação original do grupo carioca de rockabilly João Penca e Seus Miquinhos Amestrados, e saiu do grupo para seguir carreira solo. Foi Leo Jaime que indicou Cazuza à então nascente banda Barão Vermelho, recusando o posto de vocalista Leo Jaime fez muito sucesso na década de 80, onde emplacou vários hits nas rádios do Brasil, além de fazer trilhas sonoras para filmes e novelas. Seus principais discos solo são Sessão da Tarde e Phoda C. Lançou Todo Amor em 1995, uma obra de intérprete e Ïnterlúdio, em 2008, com canções inéditas.



Lingua de Trapo é um grupo musical paulistano, que promove apresentações com conteúdo humorístico. Surgida em 1979, nos estertores da Ditadura Militar, no interior da Faculdade de Comunicação Social Casper Libero, fizeram bastante sucesso, principalmente entre o público jovem e universitário, por seu conteudo de crítica política e social e postura de esquerda festiva.
Sua formação inicial contava com Laert, Guca Domenico e Pituco. E chamavam-se de “Laert e seus Cúmplices”. Logo juntou-se ao trio Carlos Antonio de Melo e Castelo Branco e Lizoel Costa, colegas de faculdade do trio. Em 1980 começava oficialmente o grupo Língua de Trapo, já acrescido dos integrantes Luiz Lucas no contrabaixo, Fernando Marconi na Percussão e João Lucas nos teclados. O Nome foi divulgado juntamente com a primeira fita (K7) do grupo com o título “Sutil como um cassetete” – que era vendida nos corredores da faculdade e em shows.



O Joelho de Porco é um dos grandes nomes do rock-humor brasileiro.
"Amadrinhado" pela cantora Aracy de Almeida e precursor do movimento punk no Brasil, o grupo paulistano surgiu em maio de 1972, quando tocaram no TUCA, em São Paulo, e era formado por: - Tico Terpins (violão,voz, guitarra base - ex-Os Baobás); - Gerson Tatini (baixista que tocou guitarra por alguns meses, em 1972); - Walter Baillot (guitarra solo - ex-Provos e Século XX - substituto de Gerson Tatini, convidado pelo baixista Rodolfo Ayres Braga); - Próspero Albanese (bateria e vocais); - Conrado Assis Ruiz (guitarra, piano e vocais - ex-Mona); e, - Rodolfo Ayres Braga (baixo e vocais - ex-Terreno Baldio, ex-The Jet Black's)


Premê (ex-Premeditando o Breque) é um grupo musical paulistano criado em 1976, por estudantes da USP. O grupo destacou-se desde o início tanto pelas letras irreverentes e bem-humoradas quanto pela qualidade musical, baseada em arranjos sofisticados, fundindo MPB, chorinho, rock e até mesmo música erudita.
Já em 1979, o samba-de-breque Brigando na Lua era premiado com o segundo lugar no 1º Festival Universitário de Música Popular Brasileira. No ano seguinte, o grupo começaria a se celebrizar em apresentações no Teatro Lira Paulistana - um reduto da música independente paulista de então -, ao lado de nomes igualmente emergentes da cena musical paulista como Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção e Grupo Rumo.
Em 1981, o grupo lançou seu primeiro disco "Premeditando o Breque", conseguindo notoriedade no meio universitário e intelectual. São também autores de um dos "hinos" da cidade paulistana, "São Paulo, São Paulo".


Ultraje a Rigor é uma banda brasileira de rock, criada no início dos anos 80 em São Paulo. Idealizada por Roger Rocha Moreira (voz e guitarra base), obteve sucesso em 1983 no Brasil devido aos hits "Inútil" e "Mim Quer Tocar". Em 1985 a banda ficou nacionalmente conhecida pelo álbum Nós Vamos Invadir Sua Praia que trouxe o primeiro disco de ouro e platina para o rock nacional, além de receber recentemente o título de melhor álbum brasileiro pela Revista MTV.A banda é um grande marco no cenário do rock nacional. Sua formação inicial era Roger, Leonardo Galasso (bateria, mais conhecido como Leôspa), Sílvio (baixo) e Edgard Scandurra (guitarra solo). Mal o nome foi adotado, Sílvio saiu para dar lugar a Maurício Defendi. Hoje, apenas Roger, idealizador da banda, continua desde a formação original.



Eduardo Dusek (Rio de Janeiro,1 de janeiro de 1957 (54 anos) é um ator, cantor e compositor brasileiro. Começou a carreira artística como pianista de peças de teatro aos quinze anos, quando estudava na Escola Nacional de Música. Mais tarde passou a compor suas próprias canções e montou uma banda, que acabou apadrinhada por Gilberto Gil. A partir de 1978 já tinha algumas composições gravadas por nomes de peso da MPB, como As Frenéticas (o samba "Vesúvio"), Ney Matogrosso (o fox "Seu tipo") e Maria Alcina (o frevo "Folia no Matagal", dois anos depois regravada por Ney Matogrosso) - todas em parceria com Luís Carlos Góis. Suas composições buscavam aliar sátira e bom humor. Em 1980, participou do festival MPB Shell da Rede Globo cantando apenas de cueca a debochada canção "Nostradamus", que não se classificou mas ficou conhecida pelo público. Por essa época gravou o primeiro LP, "Olhar Brasileiro". Mas o estouro sucesso viria em 1982, quando flertou com o ainda incipiente pop-rock, no LP "Cantando no Banheiro!, com "Barrados no Baile" (com Luís Carlos Góis), "Cabelos Negros" (Com Luiz Antonio de Cássio) e "Rock da Cachorra" (Léo Jaime).




Para finalizar, gostaria de dar um depoimento pessoal sobre a o humor na música brasileira.
Em função da minha personalidade, acho o humor inteligente, sarcástico e provocativo apresentado pelos cantores e bandas acima demais. Lembro de ter ouvido na antiga Bandeirantes FM a música "Fim de semana" do Premê e fui atrás do disco, muito difícil de encontrar por ser independente. Assisti ao primeiro show deles em Porto Alegre no auditório da Ufrgs. 

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